sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Retornando aos escritos...ainda bem que a vida voltou a me visitar!!

A vida me escapa. Pelos poros abertos, pelos olhos, pelos cabelos e por minhas pernas douradas e cansadas. Tento recuperá-la. Tarefa árdua essa. Passeio com o cachorro e vejo ele morder a grama. Sinto a vida na brisa do vento que passa. Vejo as crianças tomando banho de mangueira. Que cena bonita! Quanta vida cabe nela. Corpos em movimentos. Mas não me afeto. Tento sorrir. Mas até sorrir está difícil. Os olhos traduzem a tristea que vem no coração. Parecem mortos, quase parados. Prefiro esperar a vida voltar a me habitar. Ela vai voltar. Ela sempre volta. Agora me sinto como uma observadora de vida. Só vejo, não sinto nada. Hoje algo morreu dentro de mim. Me sinto seca, oca, vazia.
(Escrito no dia 18 de janeiro de 2013).

terça-feira, 4 de dezembro de 2012


Escritos insones:dia 15/09/2012

Para Manoel da Barros.

Desde quando vim ao mundo
Tentam me produzir.
Me moldar
Dizer e impor o que devo fazer, gostar e sentir.
Minha mãe é mestre nesta arte.
Vive tentando produzir sentido em minha vida.
Basta!
Eu é que me produzo.
Me moldo de incoerências.
Me banho de erros e virtudes.
Sou esculpida a alegria e depressão.
Meu destino eu é que traço.
crio minhas linhas de fuga
meus recantos e esconderijos.
Minha prisão.
Nos sonhos, me sinto mais livre.
Posso até sonhar com estas palavras e escrevê-las ao acordar.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012



A arte de boiar nº 1- Metáfora para vida
                Boiar não é assim tão simples quanto parece. E não é para qualquer pessoa. Há de se entregar pro mar. Ficar á deriva. E daí dá uns medos: medo de esbarrar em alguém ou em alguma coisa, medo do mar te levar e não mais voltar, medo do encontro com iemanjá. E dá uma vontade enorme de abrir os olhos e saber onde se está, se localizar. Boiar é entregar todos os sentidos ao mar e ser atravessado por ele, ou melhor, invadido. A ponto de não saber mais o que é o mar e o que sou eu. É um exercício delicioso. Quero continuar me diluindo no mar.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Este texto que estou postando hoje é um dos que eu mais gosto, fala dos encontros e desencontros desta vida...


Frida e Gringo- Amores líquidos (ou não!?)

                Ela, queimada de praia, fantasia de mexicana. Muitas cores e sorrisos. O chapéu a protegia do sol. Calor, muito calor. Carnaval, último dia. Ela já tinha vivido umas histórias, beijos rápidos, aperto no peito. Ele, bem na dele, apenas um pequeno romance. Já se conheciam de outros carnavais. Ele lembrava do beijo naquela chopada. Muito intenso para esquecer. Ela, só se lembrava de flashes e de que ele tinha cabelo comprido. Disso ela não gostava. O beijo foi bom sim. Tocava uma marchinha que dizia assim: "Se você fosse sincera, ôô, Aurora." E ela passa por ele. Ele, blusa xadrez, cabelo curto e despenteado, olhos pequenos, branco como leite, sorri em perfeita desordem. Ele parece não se encaixar nesta cena. Ela gosta disso e sorri também. os dois se abraçam e falam coisas óbvias como o calor do Rio de Janeiro. Tanta coisa pra falar. Pouco é dito. Quando ele vai se despedir, ela dá um beijo no canto da boca dele. Rápido, sem pensar. Ele a chama de louca e a puxa para perto. Daí alguma coisa acontece. Muitas coisas acontecem. Ele não quer que este momento acabe. Ele acha que é o começo do fim. Ele tem um medo danado de se apaixonar. Ele quer casar amanhã. Decidem tomar uma água de coco e um banho de mar em Ipanema. Mergulham de roupa, fantasias e tudo. Muitas fantasias nas cabeças também. Imaginam como vai ser a vida depois deste encontro. Diferente, estranho, bizarro pensar nisso agora. Não é hora, mas se pensa. Montanha-russa. Beijos e abraços em câmera lenta. Ela diz que se sente saltando de pára-quedas. Ele a convida para boiar no mar. Ela o acha muito engraçado. Ele não tira os olhos da flor vermelha no seu vestido. Quando olha para ela, vê luz e cor. Ela fala muito, sobre fotografia, cinema e arte. Ele tenta acompanhar o ritmo da conversa. Ás vezes se perde e fala sobre isso. Ela adora quando ele mostra sua própria fragilidade e confusão. É doce, é tão bonito. O sol se despede. É hora de ir embora. trocam telefones e juras de amor eterno. Ela se esquece que isso vai tirar seu sono, sua fome, sua paz. Amanhã ela pensa nisso. Ela quer viver. Vai cada um pro seu canto. A vida insiste em continuar.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Boa noite!!!
Hoje andei pensando muito neste processo de se tornar aquilo que se é... e resolvi reler e postar um texto que fala sobre este tema:


Escritos insones:dia 15/09/2012

Para Manoel da Barros.

Desde quando vim ao mundo
Tentam me produzir.
Me moldar
Dizer e impor o que devo fazer, gostar e sentir.
Minha mãe é mestre nesta arte.
Vive tentando produzir sentido em minha vida.
Basta!
Eu é que me produzo.
Me moldo de incoerências.
Me banho de erros e virtudes.
Sou esculpida a alegria e depressão.
Meu destino eu é que traço.
crio minhas linhas de fuga
meus recantos e esconderijos.
Minha prisão.
Nos sonhos, me sinto mais livre.
Posso até sonhar com estas palavras e escrevê-las ao acordar.



quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Pra início de conversa...

Este é o primeiro escrito que publico aqui no blog. Antes, preciso falar um pouco sobre os motivos de criá-lo. Venho pensando nisso há tempos, mas como não sou muito boa com essas tecnologias digitais, fui deixando pra lá. Recentemente, recebi um e-mail de uma pessoa que me inspira nos escritos, que me deu doses de ânimo. Escrever é uma das minhas maiores paixões. O texto que escolhi para começar o blog, fala um pouco destes afetos e sentimentos em relação ao processo de escrita. Nos meus textos misturo experiências que eu tive com muitas colheres de imaginação! Sejam bem-vindos! Também postarei de vez em quando algumas fotos que me interessam.

Hoje vejo que viver é inventar mundos. Desde que me entendo por gente vivo inventando estórias. Essa sensibilidade e imaginação fértil eu via com maus olhos. Eram tantos sentimentos que eu achava que ia explodir. Tantas contradições . Lutava para ser diferente, igual aos outros. Pensar menos, sentir menos. Só conseguia ficar ainda mais angustiada com tudo isso. Me tornava prisioneira  dos meus pensamentos e sentimentos. Comecei a escrever para dar vazão a tudo isso. Curtia a solidão. Era uma menina muito solitária, adorava brincar sozinha. Muito pra dentro. Ontem vendo o filme "Janela da alma" me deu um estalo. Fiquei pensando no Hermeto Pascoal, que transformou sua deficiência visual em algo produtivo. Isso é revolucionário! Ele fala que seus olhos dançam e que lhe ajudam na paquera e no amor. E que ele percebe coisas que outras pessoas não percebem. E se delicia com este olhar diferente. Percebi que é possível usar minha sensibilidade excessiva e imaginação fértil como algo produtivo, criativo e potente! (escrito em 11 de agosto de 2012)