Frida e Gringo- Amores
líquidos (ou não!?)
Ela, queimada de praia, fantasia de mexicana. Muitas cores
e sorrisos. O chapéu a protegia do sol. Calor, muito calor. Carnaval, último
dia. Ela já tinha vivido umas histórias, beijos rápidos, aperto no peito. Ele,
bem na dele, apenas um pequeno romance. Já se conheciam de outros carnavais.
Ele lembrava do beijo naquela chopada. Muito intenso para esquecer. Ela, só se
lembrava de flashes e de que ele tinha cabelo comprido. Disso ela não gostava.
O beijo foi bom sim. Tocava uma marchinha que dizia assim: "Se você fosse
sincera, ôô, Aurora." E ela passa por ele. Ele, blusa xadrez, cabelo curto
e despenteado, olhos pequenos, branco como leite, sorri em perfeita desordem.
Ele parece não se encaixar nesta cena. Ela gosta disso e sorri também. os dois
se abraçam e falam coisas óbvias como o calor do Rio de Janeiro. Tanta coisa
pra falar. Pouco é dito. Quando ele vai se despedir, ela dá um beijo no canto
da boca dele. Rápido, sem pensar. Ele a chama de louca e a puxa para perto. Daí
alguma coisa acontece. Muitas coisas acontecem. Ele não quer que este momento
acabe. Ele acha que é o começo do fim. Ele tem um medo danado de se apaixonar.
Ele quer casar amanhã. Decidem tomar uma água de coco e um banho de mar em
Ipanema. Mergulham de roupa, fantasias e tudo. Muitas fantasias nas cabeças
também. Imaginam como vai ser a vida depois deste encontro. Diferente,
estranho, bizarro pensar nisso agora. Não é hora, mas se pensa. Montanha-russa.
Beijos e abraços em câmera lenta. Ela diz que se sente saltando de pára-quedas.
Ele a convida para boiar no mar. Ela o acha muito engraçado. Ele não tira os
olhos da flor vermelha no seu vestido. Quando olha para ela, vê luz e cor. Ela
fala muito, sobre fotografia, cinema e arte. Ele tenta acompanhar o ritmo da
conversa. Ás vezes se perde e fala sobre isso. Ela adora quando ele mostra sua
própria fragilidade e confusão. É doce, é tão bonito. O sol se despede. É hora
de ir embora. trocam telefones e juras de amor eterno. Ela se esquece que isso
vai tirar seu sono, sua fome, sua paz. Amanhã ela pensa nisso. Ela quer viver.
Vai cada um pro seu canto. A vida insiste em continuar.
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